A conexão entre a posse de armas de fogo e conceitos como poder, segurança e masculinidade não é algo novo. No entanto, durante o governo de Jair Bolsonaro, essa associação atingiu novos níveis e atualmente aponta para um cenário de crescente violência, principalmente contra mulheres. Embora o país tenha observado uma queda nas taxas de homicídios nos últimos anos, os números de feminicídios não têm seguido a mesma tendência. Em 2022, enquanto houve uma redução de 1% no número de homicídios, os casos de feminicídio aumentaram em 5%, com uma mulher sendo morta a cada 6 horas. Apesar do discurso de que a posse de armas poderá empoderar as mulheres, a realidade é outra, justamente porque as armas não estão com elas.
Nota biográfica
Roberto Uchôa Santos | Polícia Federal, Doutorando em Democracia do Século XXI – CES/FEUC Coimbra, Mestre em Sociologia Política pela UENF, Especialista em Gestão de Segurança Pública UFF e Criminologia pela PUCRS, Conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Conselheiro da Federação Nacional dos Policiais Federais, autor do livro “Armas para Quem? A busca por Armas de Fogo” e Consultor da Frente Parlamentar pelo Controle de Armas pela Vida no Congresso Nacional do Brasil.