Este relatório apresenta perceções individuais sobre a situação da paternidade e do cuidado em Portugal em 2023 e incentiva a imaginar um mundo onde o cuidado é o centro das prioridades políticas e da vida quotidiana.
O relatório chama a atenção para a diversidade de cuidados, que vão para além dos cuidados físicos. Os cuidados emocionais também devem ser contemplados e valorizados.
O estudo mostra que as pessoas que responderam ao inquérito referem não dispor do tempo que desejariam para cuidar de filhas e filhos, de familiares vulneráveis e de si próprias. O principal motivo referido é o (excessivo) tempo usado no trabalho remunerado e as condições em que este é desenvolvido. O cuidado, central à existência humana, ocupa largos milhões de horas diárias a nível global. No entanto, continua a ser subvalorizado e não contabilizado nas relações económicas, não remunerado e maioritariamente assumido por mulheres e raparigas.
A Organização Internacional do Trabalho refere que, se o cuidado não remunerado fosse pago com o salário mínimo, representaria 9% do PIB mundial. Ou seja, tem um enorme valor económico que está longe de ser reconhecido e valorizado.
Qual a realidade percecionada sobre o cuidado em Portugal? Como é entendido por homens e mulheres com e sem filhas ou filhos? Quem cuida de quem? Que cuidados prestam? Que suporte existe para o cuidar? Como se concilia o cuidado com o emprego? Quais os obstáculos que se identificam para o cuidar? Sabendo que é essencial para a construção de um mundo mais justo, mais humano, mais próspero, porque tardam medidas políticas eficazes que assumam o cuidado como elemento basilar?
Estas são algumas das questões atuais e tão importantes a que este relatório procura responder e problematizar. Apresenta-nos também as barreiras estruturais, políticas e sociais para que os homens sejam cuidadores corresponsáveis, identificando também sinais positivos de mudança e de esperança a nível nacional e global, designadamente na reconstrução das masculinidades.